Mergulho sob o Gelo - Serra da Estrela
Data:
26 e 27 de Janeiro de 2006
Local:
Portugal - Serra da Estrela - Lagoa Comprida
Condições meteorológicas:
Céu limpo com vento moderado
Temperatura à chegada: -6ºC
Temperatura à partida: -3ºC
Temperatura mínima registada: -8,5ºC
Temperatura equivalente (Wind Chill Factor): -15ºC
Participantes:
Carlos Gomes
Carlos Trindade
Pedro Ivo Arriegas
José Gomes (Tender do Mergulhador de Segurança)
Planeamento & misturas:
Os mergulhos foram planeados para serem efectuados junto ao gelo com tempo máximo de 30 minutos, não utilizando mais que 30 metros de linha de vida.
Todos os mergulhadores utilizaram Ar como mistura de fundo e no bailout.
Primeiro dia: O Reconhecimento
No primeiro dia foi efectuado um reconhecimento aos vários locais para verificar as condições actuais dos possíveis locais onde o mergulho poderia ter lugar. Foi eleita a Lagoa Comprida, por ser o local com melhor acessibilidade e com maior área e mais espessa cobertura de gelo.
Foi estudado o melhor caminho a percorrer para transportar o material das viaturas ao local de entrada.
As viaturas ficaram estacionadas junto à estrada principal e o material foi transportado a pé cerca 350m. No percurso haviam alguns obstáculos difíceis de ultrapassar, como por exemplo um pequeno ribeiro parcialmente congelado.
Segundo dia: O Mergulho
À Superfície:
• O local de mergulho estava totalmente exposto ao vento, sendo este moderado de Este, com a temperatura equivalente na ordem dos -15ºC devido ao Wind Chill Factor.
• Todo o equipamento que foi molhado congelou numa fracção de minutos.
• Sentiu-se necessidade de um abrigo onde fosse possível equipar protegidos do vento (a chover e com estas temperaturas será muito difícil efectuar este mergulho).
• A logística do mergulho é pesada para apenas 3 ou 4 elementos.
• As viagens pedestres para transportar o material foram difíceis devido ao peso do material, à altitude, à distância percorrida e aos obstáculos encontrados pelo caminho. Cada elemento teve de realizar 3 viagens de ida e volta para levar o material e mais 3 para o trazer.
• É necessário utilizar ferramenta adequada para abertura de entrada/saída. Um camaroeiro é útil para retirar fragmentos de gelo.
• No final do mergulho foram úteis as barras de chocolate para reposição de níveis energéticos, gastos no transporte do material!!!
Na água:
• Do fundo coberto por areão granítico, sobressaíam blocos rochosos. A profundidade máxima foi registada pelo Pedro Ivo (3m). Não se verificaram alterações no tipo de fundo ao longo dos mergulhos.
• A água carregada de matéria orgânica, apresentava um tom esverdeado.
• A visibilidade era cerca de 4,5m.
• O tempo médio de mergulho foi de 10minutos.
• O gelo na parte inferior era muito liso e composto por duas camadas distintas: uma inferior cristalina (onde se observavam bolhas de ar dispostas sob o comprido na vertical) e outra superior, amorfa, opaca e de cor branca.
• A espessura do gelo no local de entrada era de 15 a 20cm.
• Comprimento máximo de cabo utilizado +/- 15m.
Ligações a este projecto:
Foi preparada e leccionada pelo Pedro Ivo e pelo João Pedro Freire uma aula sobre mergulho no gelo tendo como principais temas:
• Técnicas de mergulho e resgate sob o gelo
• Segurança e salvamento
Publicação de um artigo sobre o tema "Mergulho sob o Gelo" na web-magazine Planeta d’ Água (Março de 2006).
Deste projecto ainda foi concebido um caderno de Operações onde foram registados todos os dados referentes à expedição. Este documento continua a ser actualizado sempre que há nova informação relevante referente a mergulho sob o gelo.
Fotos de: José Gomes e Carlos Gomes