Curso Cave Diving - México
Data:
7 a 12de Março de 2006
Local:
México - Península do Yucatan
Participantes:
Nuno Sousa
Carlos Trindade
Pedro Ivo Arriegas (instrutor).
Em Março de 2006, alguns membros do XploraSub / GES iniciaram formação como espeleo-mergulhadores, integrados numa equipa onde estão também mergulhadores e espeleólogos do Centro e do Norte de Portugal.
De entre as diversas acções que compõem esta formação, merece destaque a iniciação ao mergulho em gruta, nomeadamente porque decorreu no México, na Península do Yucatan (província Quintana Roo), um dos paraísos para a prática desta peculiar disciplina do mergulho.
Durante essa semana, o treino foi intensivo, com dezasseis mergulhos realizados, intercalados com simulações a seco, e aulas teóricas após o jantar.
Nesta fase da formação houve espaço para aprender e trabalhar, entre outros, os princípios básicos da génese das grutas, a afinação do controle de flutuabilidade e do trim, as técnicas de natação, diversas configurações de equipamento ou as respostas a determinadas contingências essenciais à sobrevivência do mergulhador, passando pela iniciação à topografia subaquática.
Os primeiros dias foram de adaptação à nova realidade que é mergulhar sobre um tecto físico, tendo sido executados múltiplos exercícios em meio de “caverna”, após o que se progrediu para o ambiente de gruta, onde se continuou a enfrentar simulações de incidentes (tais como perda de fio, corte do fio, mergulhador preso no fio, etc.), que por vezes se tornavam cumulativas, nomeadamente quando sucediam com visibilidade zero.
Para as imersões foram usados preferencialmente os cenotes Aktun koh, Taj Mahal e Xunaan-Ha. Sucintamente, no 1º dia em Aktun koh fez-se a familiarização com a configuração básica para mergulho em gruta e executaram-se vários exercícios. Nos 2º e 3º dias, já no Taj Mahal, prosseguiu-se o treino de técnicas em condições já mais exigentes e realizaram-se várias progressões controladas. Os restantes dias foram passados em Xunaan-Ha, onde mais uma vez foi incrementada a dificuldade das situações e onde executámos progressões mais extensas e se procedeu à equipagem das cavidades e à realização de esboços topográficos.
Apesar do stress propositadamente induzido durante as sessões de treino, foi impossível não reparar na beleza extrema das formações cársicas dos sistemas ou nas ilusões ópticas causadas pelas haloclinas. Viciante!
Referência também para o cenário envolvente, a selva mexicana que, embora maltratada pelos ciclones e tempestades tropicais que tinham assolado a região meses antes, nos deu ainda o prazer de “conviver” com uma abundante vida selvagem.
Sublinha-se o ambiente saudável que partilhámos com todos os intervenientes (João Gaspar, Manuel Preto, John Morris Pereira, Mário Lança, Rui Pinheiro, Miguel Lopes, João Neves (instrutor)) e em particular agradece-se ao Marco Rotzinger e à sua família, que nos proporcionaram as condições logísticas necessárias à realização desta acção de formação, e que tão bem nos acolheram fazendo-nos sentir em casa.
Saímos do Yucatan a sentir que há ainda muito que aprender e que as fases da formação que se seguirão em Portugal (a seco ou em imersão) vão permitir o desenvolvimento desta aprendizagem e tornar-nos mais experientes, algo absolutamente crucial para a segurança no mergulho subterrâneo.
Fotos de: J.Gaspar, M.Lopes, M.Preto, R.Pinheiro e C.Trindade