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Expedição à Gruta do Almonda 2011


A Gruta do Almonda está localizada no rebordo sudeste do anticlinal da Serra de Aire, onde se dá o contacto entre o Maciço Calcário Estremenho e os terrenos menos permeáveis da bacia do Tejo. É o maior sistema cársico em Portugal, com cerca de 13 km de extensão, onde se integram as galerias subaquáticas da nascente do Almonda.

Devido ao caudal estimado pelo INAG em 80 a 100 hm3/ano, a nascente do Almonda só é mergulhável no Verão, o que diminui substancialmente a época do ano em que a sua exploração subaquática pode ter lugar.

Quem penetra nesta nascente, antes designada por Olho do Moinho da Fonte, através da represa da Renova, defronta-se com um labirinto constituído por múltiplas variantes e vários níveis de galerias, um meio hostil onde é certo que um mergulhador, sem a adequada formação, se perderá irremediavelmente.

Após ultrapassar o labirinto inicial e uma grande sala conhecida como “A Cisterna”, as galerias tornam-se mais definidas, com maior dimensão e maior profundidade. Nos anos 80, traçadores injectados por Crispim em sumidouros no Polje de Minde provaram uma ligação com a nascente do Rio Almonda, ligação que se encontra por descobrir.

No que se refere ao ambiente subaquático, desde as décadas de 80 e 90 e das explorações de J. Neves e C. Thomas, em que estes, apoiados por diversas associações, descobriram e topografaram novas galerias, que a exploração deste admirável sistema tem merecido a atenção dos espeleo-mergulhadores. O fecho ocasional da entrada da nascente, devido à queda de grandes blocos de rocha (e regularmente desobstruída), a complexidade da tarefa e a necessidade de anualmente parte da equipagem ter de ser restaurada, não têm contribuído para a desejável continuidade do estudo do sistema.

Em 2007 elementos do XploraSub, NEUA e SAGA procederam a mais uma desobstrução da nascente de forma a possibilitar a entrada de mergulhadores no labirinto através da represa da Renova. Foram dias de trabalho árduo, difícil e por vez perigoso, em que foi necessário deslocar toneladas de rocha, por vezes recorrendo a balões de elevação, alguns com capacidade de 500kg para a movimentação dos grandes blocos.

A abertura de uma estreita passagem permitiu então ao grupo das três associações reiniciar o processo de equipagem da gruta e a sua topografia subaquática. A extensão da cavidade, o intrincado das galerias – sendo o labirinto o caso mais notável – e a impossibilidade de mergulhar o sistema no Inverno quando este está em carga, deixam sempre algum trabalho pendente.

No decurso dos últimos anos, com especial destaque para 2010, uma equipa constituída por elementos do XploraSub e do NEUA, tem vindo a proceder à marcação sistematizada das galerias, primeiro no labirinto da entrada e agora alastrando-a a outras áreas submersas do sistema, e tem prosseguido com o mapeamento da zona do labirinto. Uma parte apreciável do trabalho já se encontra feita, estando terminada a poligonal e o desenho das principais galerias do labirinto. Tem sido feita a aferição de topografia em galerias conhecidas, com limpeza de fio velho e o seu reequipamento, bem como o mapeamento de algumas galerias secundárias e o enriquecimento do desenho através da adição de pormenores.

A presente campanha envolverá cerca de 13 elementos, entre espeleo-mergulhadores e apoio de superfície, sendo expectável que sejam efectuadas cerca de 70 imersões, com uma duração média de 1,5 horas cada.

Esta campanha tem como objectivo principal o avanço da topografia das galerias pós-cisterna, onde se incluem a ribeira do Norte e a pseudo-ribeira do Oeste, e como objectivo secundário complementar a topografia das galerias do labirinto da entrada e da cisterna propriamente dita.

Os dados recolhidos serão tratados diariamente, com a sua visualização em programas informáticos específicos para topografia subterrânea.

Reportagem SIC que passou no do Jornal da Noite de 2011-06-12.

Jornalista Carla Castelo, com imagem de Hugo Neves.

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